quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

(...)

“Entre o querer esquecer-te e continuar a viver com uma dor mais amenizada, levou o seu tempo, o que também em nada ajudaste. Gostava que a tua vontade consistisse em que tudo fosse mais leve para mim. Se não me amavas, a dor da despedida podia ser menor caso fosse essa a tua intenção, mas acho que nem em mim mais pensaste quando arranjaste namorado, acabando por ficar sem espaço na tua vida. Não estou a incutir culpa e sobretudo para mim, porque já sofri tudo o que tinha a sofrer por ti. Eu não morri, mesmo que tenha visto a morte pela frente, passei a relativizar o que não se torna fundamental para a minha sobrevivência. A proximidade com a morte tem um lado profundamente libertador. Acredita que nós nunca morremos, apenas passamos para uma outra dimensão e eis que tinha chegado o momento certo para te esquecer e ver a vida com outros olhos. Foram estes mesmos olhos que viram de novo uma forma de vida bem mais feliz, pela ausência da tua existência. No teu lugar não existe mais ninguém, esse espaço simplesmente foi extinto dentro de mim, colocando uma simples placa a dizer: Tudo passa! Pois é minha Querida, é bem verdade que tudo passa na nossa vida, como tu passaste por mim e não ficaste. É preciso que queiramos muito para que tudo passe e eu quis muito. Hoje posso dizer com toda a certeza que te esqueci. Mas não é só isto que quero dizer para ti, aliais o motivo maior para estar a escrever uma última carta, serve para que saibas que hoje vivo imensamente feliz por ter vencido as lutas em teu nome e que iam destruindo a minha vida. Vivo de novo apaixonado por uma mulher, diria profundamente apaixonado e conhecedor dos meus sentimentos serem recíprocos. Ela faz-me sentir bem comigo mesmo, bem com ela, bem com a vida e bem com todos. Este amor pode não ser para sempre, mas é inesquecível a cada dia que passa. Sabes que Ela fez-me acreditar em coisas que eu mesmo desconhecia dentro de mim? Pois bem, às vezes somos um poço de preciosidades que desconhecemos ter, achamo-nos pobres, quando na verdade somos possuidores de uma infinita riqueza.”

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